sexta-feira, 2 de agosto de 2013

MORRE DONA PEDRITA, PROPRIETÁRIA DA BOITE GAY MAIS ANTIGA DO BRASIL

Marco Duailibe*
Veja o depoimento  de um amigo de dona Pedrita.
Pedrita, hoje no São Cristovão
A primeira vez que conheci um ambiente gay foi na Pedrita, no finalzinho dos anos 70, no bairro do Santo Antonio. Sabia que ela já existia desde o João Paulo. Era uma casa azul, com uma escadinha e um saguão. Ao entrarmos, a primeira coisa que nos deparávamos era o retrato de diploma de corte e costura de Dona Pedrita e ela mesma era quem nos recebia, com toda alegria, como se todos nós fossemos seus afilhados. Lembro que uma vez, fugindo de uma das brigas que aconteceu na boate, me escondi em seu quarto, cheio de bonecas por todos os lados. Parecia um quarto de princesa. De lá do Santo Antonio, a Pedrita foi para o São Cristóvão e até hoje permanece lá. Hoje, soube do falecimento de Dona Pedrita. Um filme passou pela minha cabeça. A história da Pedrita se confunde com a minha própria história de vida. Foi lá na boite que conheci muitos amigos, alguns já se foram. Foi lá que descobri o amor, que aprendi a cultivar amigos, que entendi o que sou e que poderia ser feliz. A boite gay mais antiga do Brasil (40 anos) hoje calou sua voz para reverenciar esta mulher que teve um papel fundamental na vida de muitos gays da nossa cidade que não tinham um lugar para abrigar seus sonhos e suas esperanças. Vá em paz, Dona Pedrita! Fica a nossa saudade.
Marco Duailibe,

Cantor, compositor e publicitário 

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